sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

PONTÁ BITÉFES: Governo e Oposição...

... A mesma “cambada” são?
O slogan que dá nome ao título (sem o ponto de interrogação) é do período revolucionário, e tem o “selo” do MRPP, na altura sob a batuta de Arnaldo Matos, o grande “Educador da Classe Operária”.
Vale a pena discorrer sobre o seu significado, na actualidade, tendo em conta de que um e outro sujeito (Governo e Oposição) deveriam ser, em princípio, antagónicos.
No entanto e tomando como exemplo, o que se passa a nível do Governo (central) vemos que o maior partido da “Oposição” dá a mão ao Governo, não se opõe às suas políticas nefastas para o país e para os sectores mais desfavorecidos da população, talvez na vã ilusão de se apresentar como “patriótico”, e deixar que o “fruto” (Governo) caia de podre.
A nível local, o cenário é, radicalmente, diferente. A Oposição, opõe-se, faz o seu papel e nunca como hoje em Nisa se ouviu falar tanto de Oposição.
Apresenta-se um “projecto âncora” para o concelho, enquanto as Termas definham a olho nu - por falta de clientela e das medidas que, antecipadamente, deveriam ter sido tomadas - e lá ouvimos nós o discurso da vergasta na Oposição.
Há um espectáculo de teatro de revista em Nisa, com entradas pagas (15 euros) e os espectadores que pensavam que era “Só Rir..., acabam por ter de gramar a mesma choradeira sobre a Oposição e a louvaminha sobre as virtudes da senhora presidente e da Câmara, que tanto apoio dá aos velhinhos.
Não disse, o speaker de serviço, que o espectáculo anunciado há quase um mês, sendo organizado pela ADN e pela Câmara, só foi ao conhecimento do executivo (leia-se Oposição) três dias antes da sua realização.
Estas decisões nem sequer são estranhas. Desde que entrou em funções, após o acto eleitoral de 2001, Gabriela Tsukamoto tem procedido, sempre, da mesma forma.
No primeiro mandato, sem maioria absoluta, “comprou” o apoio da “Oposição” oferecendo aos dois vereadores do PSD, cargos a meio tempo.
Estes, calaram-se, quando deviam, em pleno exercício das suas competências e funções, dizer não e bater o pé, a alguns projectos nefastos para o concelho de Nisa e sobretudo, para a própria vila. A Nisa, “terra, pedra, pedra, terra, pedra, pedra” não “nasceu” sozinha e por obra e graça da Santa Gabriela. Outros também tiveram culpa no cartório, aprovaram, disseram “ámen” e sacudiram a água do capote.
No mandato seguinte, com maioria absoluta, dispôs a seu belo prazer da governação camarária: a Valquíria e o faz, desmancha, torna a fazer, torna a desmanchar, são a imagem de marca deste mandato. A par da derrapagem financeira e dos estrangulamentos que a mesma tem provocado, a vários níveis, bem patentes, aliás, na controversa aprovação do Relatório de Actividades e Contas do exercício de 2009.
Não é aceitável, por muito que “chovam” as ladainhas, apontar o dedo ao “trio de todos os males” (Oposição), quando esta, no exercício das suas competências e com uma precisa (regulamentada) e indiscutível (foram eleitos pelo povo) legitimidade política, tenta travar o processo brutal de endividamento da autarquia e obstar à realização de obras faraónicas que trazem ainda mais encargos financeiros.
Aos poucos, os habitantes do concelho vão conhecendo os contornos da “paz podre” que impera nos edifícios municipais, onde, como diz o povo, “o calado é o melhor”.
Não sendo possível calar para sempre e tal como o azeite, a verdade surge “ao de cima” e mostra o clima pantanoso de clientelismo e cumplicidades tecidas pela teia dirigente camarária.
Um sujeito que está impedido pelo Tribunal de exercer funções públicas e que escreve sobre a ADN num boletim camarário suportado pelos munícipes e a que deu o nome de “jornal”, retoma a mesma tecla e lá vem bater nos vereadores da Oposição, como se os mesmos fossem portadores de algum vírus contagioso e mortal.
E, sentindo o cargo, pelo qual é chorudamente pago, ameaçado, lança impropérios e escreve esta autêntica pérola, acusando os “vereadores eleitos pelo PS e PSD para a Câmara Municipal de Nisa, a pretexto de tudo e de nada e de uma imprecisa e discutível legitimidade política, pura e simplesmente pretenderem acabar com a ADN.
Isso mesmo, tal como leu “uma imprecisa e discutível legitimidade política”, sic.
Fico na dúvida e pergunto se esses eleitos da Câmara Municipal (Idalina Trindade, Fernanda Policarpo e Francisco Cardoso) e que representam a Oposição, não terão sido submetidos ao mesmo sufrágio universal realizado no concelho de Nisa em 11 de Outubro, e a que concorreram os outros eleitos, Gabriela Tsukamoto e Manuel Bichardo.
Será que, na altura, estariam sob a alçada da justiça e impedidos por decisão judicial de concorrer a cargos políticos? Ou será que os votos que os elegeram resultaram de alguma “chapelada” e de processos pouco claros como, é voz corrente, aconteceu numa das freguesias do concelho para beneficiar a coligação vencedora?
O “coro das carpideiras” sobre a Oposição irá subir de tom. Os munícipes do concelho têm de estar atentos, fazerem as leituras que considerem adequadas e não se deixarem embarcar no “canto da sereia”.
Governo e Oposição, nem sempre, a mesma “cambada” são.
E, o clamor que vai na praça pública mostra, indubitavelmente, que em Nisa, pela primeira vez em muitos anos, corre uma brisa democrática e saudável, inspiradora de confiança.
O tempo da música de uma nota só, está, irremediavelmente, a chegar ao fim...
Mário Mendes - 7/6/2010