O Dr. António José de
Almeida foi Presidente da República Portuguesa entre 1919 e 1923, o único que
cumpriu, integralmente, o mandato.
O seu nome figura na toponímia de Nisa desde os finais dos
anos 20 do século passado. Melhor dizendo: figurou. O largo com o seu nome,
entre a Porta da Vila e o início da Rua Direita há muito que deixou de ostentar
as duas placas toponímicas esmaltadas, de fundo azul, igual à da “vizinha” Rua
Dr. Francisco Miguéns.
Os executivos da freguesia de Nossa Senhora da Graça, do PS
e da CDU há mais de dez anos que vêm sendo alertados para esta vergonhosa
omissão. Sem resultado. O dinheiro que receberam deu para festas e bolos com
que se enganam os tolos, mas nunca chegou para uma obra irrisória e elementar:
a colocação que se impõe das duas placas toponímicas em falta. Nem o Centenário
da República, que se comemorou durante este ano, foi suficiente para dar
“ânimo” aos eleitos da Junta para, finalmente, fazerem o que se impunha e lhes
compete. Eu sei que há crise e duas placas toponímicas devem custar uma
fortuna, mas, se para tanto for necessário, não me importo de abrir neste blog
uma subscrição pública.
Vá lá, eleitos da Junta, juntem as vossas “senhas de
presença” de uma reunião e reponham, aí mesmo ao vosso lado, o nome do Dr.
António José de Almeida, quanto mais não seja, para que os nisenses saibam que
nesta terra se respeita a memória dos obreiros da Pátria.
É o mínimo que, como bons republicanos, podem (e devem)
fazer!
Mário Mendes - Texto publicado inicialmente em 6/10/2011
ANTÓNIO JOSÉ DE ALMEIDA: Médico, Republicano, Presidente da
República
António José de Almeida, nasceu em Vale da Vinha, Penacova,
17 de Julho de 1866 e faleceu em Lisboa, em 31 de Outubro de 1929. Foi um
político republicano português, sexto presidente da República Portuguesa de 5
de Outubro de 1919 a
5 de Outubro de 1923. Casou com D. Maria Joana Queiroga, de quem teve uma
filha.
Biografia
Um dos mais populares dirigentes do Partido Republicano,
desde muito novo manifestou ideias republicanas.
Era ainda aluno de Medicina em Coimbra quando publicou no
jornal académico Ultimatum um artigo que ficou famoso, intitulado Bragança, o
último, que foi considerado insultuoso para o rei D. Carlos. Defendido por
Manuel de Arriaga, acabou condenado a três meses de prisão.
Depois de terminar o curso, em 1895, foi para Angola e
posteriormente estabeleceu-se em
São Tomé e Príncipe, onde exerceu medicina até 1903.
Regressando a Lisboa nesse ano, foi para França onde estagiou em várias
clínicas, regressando no ano seguinte. Montou consultório, primeiro na Rua do
Ouro, depois no Largo de Camões, entrando então na política activa.
Foi candidato do Partido Republicano em 1905 e 1906, sendo
eleito deputado nas segundas eleições realizadas neste ano, em Agosto. Em 1906, em plena Câmara dos
Deputados, equilibrando-se em cima duma das carteiras, pede aos soldados,
chamados a expulsar os deputados republicanos do Parlamento, a proclamação
imediata da república. No ano seguinte adere à Maçonaria.
Os seus discursos inflamados fizeram dele um orador muito
popular nos comícios republicanos. Foi preso por ocasião da tentativa
revolucionária de Janeiro de 1908, dias antes do assassinato do rei D. Carlos e
do príncipe Luís Filipe. Posto em liberdade, continuou a sua acção demolidora
pela palavra e pela pena, sobretudo enquanto director do jornal Alma Nacional.
Ministro do Interior do Governo Provisório, foi depois
várias vezes ministro e deputado, tendo fundado em Fevereiro de 1912 o partido
Evolucionista, que dirigirá, partido republicano moderado organizado em torno
do diário República, que tinha criado em Janeiro de 1911, e que também dirigia,
opondo-se ao Partido Democrático de Afonso Costa, mas com o qual porém se aliou
no governo da União Sagrada, em Março de 1916, ministério de que foi
presidente.
Em 6 de Agosto de 1919 foi eleito presidente da República e
exerceu o cargo até 5 de Outubro de 1923, sendo o único presidente que até 1926
ocupou o cargo até ao fim do mandato. Nestas funções foi ao Brasil em visita
oficial, para participar no centenário da independência da antiga colónia
portuguesa. A sua eloquência e a afabilidade do seu trato fizeram daquela
visita um êxito notável.
Durante o seu mandato deu-se o levantamento radical que
desembocou na Noite sangrenta de 19 de Outubro de 1921, em que foram
assassinados, por opositores republicanos, o chefe do governo da altura,
António Granjo, assim como Machado Santos e Carlos da Maia. Nomeou 16 governos
durante o seu mandato.
Os seus amigos e admiradores levantaram-lhe uma estátua em
Lisboa, de autoria do escultor Leopoldo de Almeida e do arquitecto Pardal
Monteiro, e coligiram os seus principais artigos e discursos em três volumes,
intitulados Quarenta anos de vida literária e política, obra publicada em 1934.
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