sábado, 18 de janeiro de 2014

NISA: Registo de um crime com hora marcada

 PORQUÊ?
Porquê, esta fúria devastadora
Desferindo o cutelo sobre a árvore indefesa?
Porquê, esta raiva surda, aterradora
Matando o que de melhor nos dá a natureza?


 Porquê, estes golpes baixos, traiçoeiros,
Sobre o património e a terra amada?
Porquê, esta “febre requalificadora”
Que deixa a nu, a vítima esventrada?

Porquê, este faz e desfaz e torna a fazer
Para que conste que se fez coisa alguma?
Porquê, esta súbita vontade de escarnecer
O que antigos fizeram emergir da bruma?


Porquê, este repentino ataque perpetrado
Contra o espaço, a natureza e a memória?
Porquê, o rasgar do chão humanizado
Pela alma de um povo e da sua história?


 Já foi largo do Espírito Santo
Do Boqueirão, na voz popular
Heliodoro Salgado, republicano
Largo e jardim, hoje... a sangrar
Mário Mendes - 8/5/2010