terça-feira, 7 de janeiro de 2014

OPINIÃO: Pós Eleitorais

Incongruência e hipocrisia na política é o pão nosso de cada dia e não pensemos que é só neste país... A diferença é que enquanto nos países desenvolvidos, grupo no qual os nossos políticos sem grande convicção nos tentam convencer de que fazemos parte, essas duas características são punidas, por cá são motivos a receber benesses e tachos.
No concelho de Nisa, nas últimas eleições autárquicas, conhecidos militantes de longa data do PS, alguns tendo inclusivamente no passado desempenhado funções dirigentes no âmbito deste partido e tendo fundado os alicerces do seu sucesso pessoal e profissional no jogo político do partido, apareceram agora, sem ponta de vergonha na cara, a apoiar a lista da CDU, impedindo com a sua tomada de posição a eleição da candidata deste partido, Idalina Trindade, presidente da autarquia.
Nada tenho, antes pelo contrário, contra aqueles que a dado momento da sua vida concluem que a ideologia do partido no qual militaram até ao momento já não os satisfaz, já não dá as respostas por eles achadas necessárias ao rumo do mundo e resolvem tomar novos rumos para a sua própria vida. Isso não significa traição, ou vira-casacas como o povo gosta de apelidar as mudanças políticas, pelo contrário, significa vitalidade, intranquilidade intelectual, recusa de acomodação. Esses merecem-me todo o respeito.
Caso ao disponibilizarem o seu apoio à Srª Engª Gabriela Tsukamoto, já se tivessem demitido do PS e entregue o respectivo cartão, o caso é menos grave porque menoriza a traição, no entanto, dada a sua notoriedade no Concelho como militantes socialistas era sua obrigação publicitarem pelo Concelho o corte do cordão umbilical com o PS. Ao não o fazerem levaram centenas de simpatizantes socialistas a votar no engano porque sempre têm acreditado no socialismo destas pessoas e as têm seguido como suas lanternas ideológicas.
O argumento de que nas eleições autárquicas a política não conta o que conta é a credibilidade e o carácter dos candidatos, seja lá isso o que for, não pega porque se assim fosse, em locais onde todos reconhecemos que os autarcas são uns bacano(a)s, enfim, uns gajos (ou gajas) porreiros, pá! Nesses locais apresentava-se apenas uma lista e o caso estaria resolvido. Mas não é assim, nas autarquias a política também conta e no concelho de Nisa, alguns senhores militantes ou ex do PS enxovalharam a política e a democracia com a traição que fizeram ao partido, aos simpatizantes socialistas e sobretudo ao povo do Concelho.
Hoje que o lançamento de um novo livro biblico de Saramago provocou acesa polémica é caso para recordar: o preço de Judas foi de trinta dinheiros!
Quanto foi o vosso?
Jaime Crespo in http://fongsoi.blogspot.com - 22/10/2009