Incongruência e hipocrisia na política é o pão nosso de cada
dia e não pensemos que é só neste país... A diferença é que enquanto nos países
desenvolvidos, grupo no qual os nossos políticos sem grande convicção nos
tentam convencer de que fazemos parte, essas duas características são punidas,
por cá são motivos a receber benesses e tachos.
No concelho de Nisa, nas últimas eleições autárquicas,
conhecidos militantes de longa data do PS, alguns tendo inclusivamente no
passado desempenhado funções dirigentes no âmbito deste partido e tendo fundado
os alicerces do seu sucesso pessoal e profissional no jogo político do partido,
apareceram agora, sem ponta de vergonha na cara, a apoiar a lista da CDU,
impedindo com a sua tomada de posição a eleição da candidata deste partido,
Idalina Trindade, presidente da autarquia.
Nada tenho, antes pelo contrário, contra aqueles que a dado
momento da sua vida concluem que a ideologia do partido no qual militaram até
ao momento já não os satisfaz, já não dá as respostas por eles achadas
necessárias ao rumo do mundo e resolvem tomar novos rumos para a sua própria
vida. Isso não significa traição, ou vira-casacas como o povo gosta de apelidar
as mudanças políticas, pelo contrário, significa vitalidade, intranquilidade
intelectual, recusa de acomodação. Esses merecem-me todo o respeito.
Caso ao disponibilizarem o seu apoio à Srª Engª Gabriela
Tsukamoto, já se tivessem demitido do PS e entregue o respectivo cartão, o caso
é menos grave porque menoriza a traição, no entanto, dada a sua notoriedade no
Concelho como militantes socialistas era sua obrigação publicitarem pelo
Concelho o corte do cordão umbilical com o PS. Ao não o fazerem levaram
centenas de simpatizantes socialistas a votar no engano porque sempre têm
acreditado no socialismo destas pessoas e as têm seguido como suas lanternas
ideológicas.
O argumento de que nas eleições autárquicas a política não
conta o que conta é a credibilidade e o carácter dos candidatos, seja lá isso o
que for, não pega porque se assim fosse, em locais onde todos reconhecemos que
os autarcas são uns bacano(a)s, enfim, uns gajos (ou gajas) porreiros, pá!
Nesses locais apresentava-se apenas uma lista e o caso estaria resolvido. Mas
não é assim, nas autarquias a política também conta e no concelho de Nisa,
alguns senhores militantes ou ex do PS enxovalharam a política e a democracia
com a traição que fizeram ao partido, aos simpatizantes socialistas e sobretudo
ao povo do Concelho.
Hoje que o lançamento de um novo livro biblico de Saramago
provocou acesa polémica é caso para recordar: o preço de Judas foi de trinta
dinheiros!
Quanto foi o vosso?
Jaime Crespo in http://fongsoi.blogspot.com - 22/10/2009