Junto ao Calvário: Agressões sem punição
Uma qualquer criatura,
sentindo-se agredida, pode sempre recorrer aos tribunais clamando justiça, mas,
o Património...? Quem o protege? Quem tem esse dever? Nós sabemos. Um exemplo:
o Calvário de Nisa.
Monumento do século XVIII, vai
aos poucos, como é visível cada vez mais, sendo “agredido” por quem consente
que ao dito imóvel religioso, se “colem”, quais ornatos de pendurar ao pescoço,
todo o tipo de corpos estranhos, quais sugas que em nada o dignificam, bem pelo
contrário.
O Município de Nisa deve olhar e
preocupar-se com estas situações, além do mais tem gente eleita com a
incumbência de zelar por estas coisas da Cultura e do Património.
É vê-los por lá, os “intrusos”,
na forma de placas informativas sobre o trânsito, os destinos das vias, os
equipamentos públicos, as voltinhas a cumprir naquela excêntrica rotunda, já
causadora de alguns acidentes, os armários da EDP, a boca de incêndios, o candeeiro,
a tubagem de ferro trepando pelo edifício, por onde descem cabos eléctricos, a
papeleira, etc.
Como se tudo isso não fosse
pouco, fruto da tal rotunda, que um dia será “requalificada”, existe toda uma
panóplia de sinais de trânsito, que se repetem e teimam intrometer-se na
fotografia do turista ou no horizonte visual dos visitantes.
Ali plantados, espreitando, são
cerca de duas dezenas os “agressores”, a precisar que quem superintende neste
pelouro, mande lá a “polícia” e os afaste para longe.
Ganharia Nisa e principalmente
aquele valioso monumento histórico.
Claro que há um tempo para tudo,
certamente também haverá para emendar os erros praticados, ganharemos todos e
também aquele edifício do século XVIII, o Calvário de Nisa.
Na “Monografia da Notável Vila
de Nisa”, o autor, prof. José Francisco Figueiredo, nas páginas 82 e 83,
ilustrada com fotografia de há 60 anos, escreve:
“Devido à sua situação, a
singular capela atrai a atenção de quantos passam por Nisa, e muito mais se
destacaria a sua elegância, se – como antigamente – se mantivesse isolada ou a
libertassem das construções que, inestética e injuriosamente, lhe arrimaram”.
Das inestéticas construções se
libertou o monumento, mas “injuriosamente” foram-lhe impingidas coisas bem
piores: aqueles agressores que tanto o incomodam, ao Calvário, excepção para a
placa que nos informa sobre a sua antiguidade e que lá deve manter-se.
João Francisco Lopes - 26/7/2009