terça-feira, 18 de dezembro de 2012

À Descoberta do Património de Nisa


Junto ao Calvário: Agressões sem punição
Uma qualquer criatura, sentindo-se agredida, pode sempre recorrer aos tribunais clamando justiça, mas, o Património...? Quem o protege? Quem tem esse dever? Nós sabemos. Um exemplo: o Calvário de Nisa.
Monumento do século XVIII, vai aos poucos, como é visível cada vez mais, sendo “agredido” por quem consente que ao dito imóvel religioso, se “colem”, quais ornatos de pendurar ao pescoço, todo o tipo de corpos estranhos, quais sugas que em nada o dignificam, bem pelo contrário.
O Município de Nisa deve olhar e preocupar-se com estas situações, além do mais tem gente eleita com a incumbência de zelar por estas coisas da Cultura e do Património.
É vê-los por lá, os “intrusos”, na forma de placas informativas sobre o trânsito, os destinos das vias, os equipamentos públicos, as voltinhas a cumprir naquela excêntrica rotunda, já causadora de alguns acidentes, os armários da EDP, a boca de incêndios, o candeeiro, a tubagem de ferro trepando pelo edifício, por onde descem cabos eléctricos, a papeleira, etc.
Como se tudo isso não fosse pouco, fruto da tal rotunda, que um dia será “requalificada”, existe toda uma panóplia de sinais de trânsito, que se repetem e teimam intrometer-se na fotografia do turista ou no horizonte visual dos visitantes.
Ali plantados, espreitando, são cerca de duas dezenas os “agressores”, a precisar que quem superintende neste pelouro, mande lá a “polícia” e os afaste para longe.
Ganharia Nisa e principalmente aquele valioso monumento histórico.
Claro que há um tempo para tudo, certamente também haverá para emendar os erros praticados, ganharemos todos e também aquele edifício do século XVIII, o Calvário de Nisa.
Na “Monografia da Notável Vila de Nisa”, o autor, prof. José Francisco Figueiredo, nas páginas 82 e 83, ilustrada com fotografia de há 60 anos, escreve:
“Devido à sua situação, a singular capela atrai a atenção de quantos passam por Nisa, e muito mais se destacaria a sua elegância, se – como antigamente – se mantivesse isolada ou a libertassem das construções que, inestética e injuriosamente, lhe arrimaram”.
Das inestéticas construções se libertou o monumento, mas “injuriosamente” foram-lhe impingidas coisas bem piores: aqueles agressores que tanto o incomodam, ao Calvário, excepção para a placa que nos informa sobre a sua antiguidade e que lá deve manter-se.
João Francisco Lopes - 26/7/2009