Alpalhão é terra de granitos, enchidos e gente laboriosa.
Gente que outrora viveu da agricultura e tem um verdadeiro orgulho das suas
tradições.
Os granitos deram
nome e proveito a Alpalhão e ao concelho de Nisa. Uma riqueza que jazia
adormecida no ventre da terra e hoje é reconhecida em todo o mundo, seja
através da pedra transformada em calçada de arruamentos e avenidas, em
edifícios ou em memoriais como o das Vítimas do Challenger, nos EUA.
A importância dos
granitos de Alpalhão galgou fronteiras e trouxe até nós artistas, “escultores
da pedra” que em iniciativas como a Bienal, “plantaram”, nesta vila e
arredores, um autêntico museu dos granitos ao ar livre. Não há terra no
Alentejo e no país, com tantas e belas esculturas em granito como em Alpalhão.
Por isso, urge
perguntar: que é feito da Bienal da Pedra? Um e outro ano adiada, remetida para
o sótão das “coisas inúteis”, enquanto se gastam milhares de euros em
“valquírias” e outras obras faraónicas, sem uma explicação razoável, quer aos
autarcas da freguesia, quer à própria população.
A Bienal da Pedra
deixou de fazer sentido ou de entrar nas preocupações de quem gere o Município?
Não há dinheiro para esta iniciativa? Alpalhão deixou de integrar o concelho?
Os alpalhanenses
merecem uma resposta. Concisa e clara.
Se não há verbas
para a Bienal, faça-se uma Trienal!
Deixar morrer, sem
apelo nem agravo, nem sequer uma simples explicação, um tão belo exemplo da
“arte ao vivo”, é que não me parece correcto.
Que é feito da
Bienal da Pedra? Alguém ouve? Alguém responde? Quem?
Mário Mendes in "O
Distrito de Portalegre" - 29/10/09