Albergaria do Fratel: Monumento à incúria e ao abandono
Desleixo e abandono numa obra suportada pelo erário público
Já há longos anos,
foi-me apresentada uma pessoa (por acaso, bastante culta e com obra literária feita) que de imediato me perguntou qual era a minha terra natal.
Respondi-lhe que era natural de Nisa. A pessoa em questão, teceu rasgados
elogios à beleza da nossa Terra, principalmente ao Jardim e Fontanário, então
existentes.
Palavras, estas, que me encheram de orgulho de ser natural de uma Terra que no
entender da referida pessoa era um jardim.
Anos volvidos, a mesma pessoa, por certo, diria que a Praça da República mais
não é do que uma eira que serviria para fazer as célebres debulhas e malhas de
cereais.
A título de desabafo, de certeza comungado pela maioria, a minha Terra está
diferente mas, infelizmente, para pior (talvez pelas obras de Stª Engrácia).
Outros exemplos, quiçá, provenientes do cansaço ou inoperância, podem ser
referidos.
Só dois exemplos chegam para corroborar o que atrás refiro, com tristeza:
A Rua Júlio Basso, nos meus tempos de jovem era, por assim dizer, o coração da
Vila, com os seus comércios, etc. (podíamos até chamar-lhe a Rua do Comércio).
Hoje, o que é?
Um exemplo singular de mau gosto, embelezada com vasos ferrugentos (quais potes
de noite, em ponto grande), os postes de electricidade quase no meio da rua,
dificultando a passagem dos peões motivado por um trânsito caótico, ali
instalado.
Será que quem deve, por obrigação, verificar, não utiliza a Rua, quiçá pelos
motivos referidos?
Acrescento, por agora, mais uma aberração com contornos de muita
responsabilidade, legal, moral e, não só: a célebre albergaria do Tejo.
Sobre isto, até me custa falar (estamos em 2009), pois nunca tive conhecimento,
em parte alguma, do desleixo a que um edifício como este chegou. Pobre País,
Pobre Concelho.
Gostava de saber, e estou convencido que também todos os Nisenses, a quem será
imputável a responsabilidade, quiçá criminal, do descalabro praticado com a
indiferença a que “aquilo” chegou.
Na verdade, Nisa sofre de anemia aguda, que urge debelar.
Faço votos para que Nisa, torne a ser, o tal jardim que já foi.
Por hoje chega, pois muito há que lamentar.
Delfino
Bento Amaro – in A Voz dos Leitores - “Nisa Viva” nº 16 - Maio 2009